A história de fundação da Associação Riograndina de Futebol de Mesa - ARFM
remonta ao ano de 1961, quando três amigos quase inseparáveis Clair Pereira
Marques, Maurício Hallal e Carlos Roberto Rocha de Oliveira, resolveram fundar
em uma sala nos fundos da casa de Clair, situada à rua General Vitorino, 981, o
Clube Recreativo Estrela Vermelha que foi o embrião da ARFM.
Começava o futebol de mesa a se organizar na cidade de Rio Grande com a
realização naquele mesmo ano de 1961 do 1º Certame Citadino Aberto de Futebol
de Mesa e a regra utilizada era a gaúcha, de um toque, criada pela Federação
Rio-Grandense de Futebol de Mesa, fundada pelo dinâmico botonista Lenine Macedo
Souza. A bolinha tinha o formato de um disco com borda de um dos lados e um
furo no centro. O lado que estava com a borda para cima chamava-se bacia e
quando chutada neste lado a bolinha subia bastante e o outro lado chamava-se
espelho, no qual a bolinha levantava muito pouco.
Os botões eram fabricados com uma matéria prima vinda do Uruguai chamada
galalite e os times não eram padronizados. Cada botão era de uma cor. Eram de
uma, duas ou três camadas, muito bem trabalhados e bonitos e o fabricante
ficava em Porto Alegre, na Vila Scharlau. Alguns diziam que os botões eram
feitos de osso. Em Rio Grande eram vendidos na famosa lotérica chamada “Esquina
da Sorte”, situada na rua Silva Paes, esquina com a rua Duque de Caxias, em
frente onde é hoje o Restaurante Marcos e também na lotérica “A Confiança” que
ficava ao lado onde é hoje o Café Dalila. Os participantes dividiam-se em três
categorias. Infantis, de oito a treze anos. Juvenis, de treze a dezoito anos. E
adultos de dezoito em diante.
No 1º Certame Citadino Aberto de Futebol de Mesa da Cidade de Rio Grande, as
três categorias foram assim constituídas:
CATEGORIA INFANTIL – Jorge Hallal, Carlos Orlando Moscarelli e Sergio Silva,
tendo se sagrado campeão Jorge Hallal.
CATEGORIA JUVENIL – Clair Pereira Marques, Maurício Hallal e Carlos Roberto de
Oliveira, sagrando-se campeão Clair Pereira Marques.
CATEGORIA ADULTO – Waldir Tosi Ferreira, Luiz Paulo Granelo, Eduino Moscarelli,
Leo Lima, Cezalino Feijó, Pedro Orlem Pinheiro, Gelson Constantino, tendo
conquistado o título Waldir Tosi Ferreira.
Após este certame, os três campeões de cada categoria foram a Porto Alegre
disputar o Certame Estadual de Futebol de Mesa, não tendo Waldir Tosi e Clair
Marques obtido boas classificações. Entretanto, Jorge Hallal foi campeão
estadual infantil. Uma curiosidade é que um dos adversários no certame estadual
de Jorge Hallal era Ivo Wortmann, ex-jogador de futebol de vários clubes do
Brasil e depois treinador de futebol.
Daí em diante, o futebol de mesa começou a ser mais divulgado na cidade, os
campeonatos a serem realizados anualmente em clubes ou colégios gentilmente
cedidos, pois os adeptos multiplicaram-se rapidamente. Foram realizados
certames no Esporte Clube União Fabril, Colégio São Francisco e Associação dos
Funcionários do INSS. Surgiram botonistas excelentes que foram campeões
citadinos como Paulo Rodnei Marca, Fernando Teixeira, Roberto Peixoto, Mauro
Curi, Roberto Giacobbo, Paulo Santos, Paulo Fernando Vidal, Gerson Marcílio
Soares Garcia e Thierry Rios, todos figuras muito conhecidas em Rio Grande.
Já havia um grande número de botonistas jogando quando foi criada a Liga
Riograndina de Futebol de Mesa. Porém, o primeiro Presidente da Liga
recentemente criada na época, Vernei Ferreira, passou a ter atrito com o
botonista Waldir Tosi. O ambiente começou a ficar pesado entre os dois e a
turma de botonistas que era muito unida, ficou desgostosa e vários elementos
afastaram-se e não foram realizados certames abertos citadinos por cerca de
dois anos seguidos.
Num Torneio de Aniversário da Liga Caxiense, disputado em Caxias do Sul pelos
botonistas de Rio Grande, Clair Pereira Marques e Gerson Marcílio Soares
Garcia, disputado na regra gaúcha, participaram também dois botonistas baianos
de Salvador-BA, Oldemar Seixas e Ademar Carvalho. Estes dois desportistas
vieram a Caxias do Sul conversar com os gaúchos, liderados por Adauto Celso
Sambaquy, de Caxias do Sul e Gilberto Ghizzi, de Porto Alegre, verificar a
possibilidade de ser criada a Regra Brasileira de Futebol de Mesa.
Após o término do torneio em Caxias do Sul, reuniram-se no Hotel Alfred os
botonistas Adauto Celso Sambaquy, Clair Marques e os baianos Oldemar Seixas e
Ademar Carvalho. Foram debatidos os vários aspectos da regra gaúcha e baiana e
ficou combinado que no início do ano seguinte iria uma comissão de gaúchos a
Salvador-BA e juntamente com outra comissão de botonistas baianos, procurariam
pinçar o que tinham de melhor a regra gaúcha e a baiana para ser criada a Regra
Brasileira de Futebol de Mesa.
Os botonistas da Liga Riograndina de Futebol de Mesa não aceitaram a nova regra
e continuaram jogando na regra gaúcha.
FUNDAÇÃO DA ARFM
No início do ano de 1979, dois botonistas da Liga Riograndina de Futebol de
Mesa, Carlos Alberto Ribeiro Lopes e Cezalino Feijó, souberam através de artigo
publicado em jornal da realização, em Jaguarão-RS, do Campeonato Brasileiro de
Futebol de Mesa na Regra Brasileira. Entraram em contato com os organizadores e
foram convidados a comparecerem para assistirem ao certame. Os referidos
botonistas ficaram maravilhados com a organização do campeonato, os times
bonitos, as mesas grandes, a nova regra e foram convidados a filiarem-se e
participarem dos futuros certames. Havia necessidade de fundação de uma nova
associação e de filiá-la a então União Gaúcha de Futebol de Mesa (hoje
Federação Gaúcha de Futebol de Mesa).
Alguns dos botonistas da Liga Riograndina haviam se afastado pelos atritos
ocorridos entre os botonistas Vernei Ferreira e Waldir Tosi. Outros porque
estavam estudando e não tinham tempo disponível para jogar. Foi então marcada
uma reunião na casa de Cezalino Feijó para tratar da provável fundação de uma
nova associação para jogar na Regra Brasileira. Os que não concordaram em
aderir a nova regra não compareceram e também se afastaram.
Então, no dia 16 de junho de 1979, na rua 1º de Maio, nº 634, um grupo de
botonistas amigos que costumavam aos sábados à tarde se reunirem para a prática
do futebol de mesa, na residência do saudoso Cezalino Tanislau Feijó, o “Nilo”
como era conhecido pela maioria dos seus amigos, foi oficialmente fundada a
Associação Riograndina de Futebol de Mesa.
Foram fundadores Clair Pereira Marques, Carlos Alberto Ribeiro Lopes, Cezalino
Tanislau Feijó, Osvaldo Souza de Faria Santos, Gelson Pereira Constantino,
Ademir Freitas Duarte, Nilton Jorge Kirst Araújo, Luiz França, José Jair da
Silva e Paulo Santos.
A primeira diretoria ficou assim constituída: Presidente – Clair Pereira
Marques; 1º Vice Presidente – Carlos Alberto Ribeiro Lopes (falecido); 2º Vice
–Presidente – Cezalino Tanislau Feijó (falecido); 1º Secretário – Osvaldo Souza
de Faria Santos; 2º Secretário – Gelson Pereira Constantino (falecido); 1º
Tesoureiro – Ademir Freitas Duarte; 2º Tesoureiro – Nilton Jorge Kirst Araújo:
Diretor de Esportes – Luiz França; Diretor de Promoções – José Jair da Silva;
Diretor do Depto. Jurídico – Paulo Santos, e a diretoria atual está assim
constituída: Presidente: Mário Ribeiro, Vice-Presidente: Silvio César Lima da
Silveira, Diretor Técnico: Eduardo Santos, Tesoureiro: Silvio Silveira.
No mesmo ano de 1979 foi realizado o primeiro campeonato da ARFM e vencido por
Clair Marques.
A ARFM se tornou um dos clubes mais premiados do Rio Grande do Sul, possuindo
em sua “sala de troféus” diversas taças simbolizando títulos de campeão
estadual e brasileiro.
Baseado em texto de Sílvio Silveira (com colaboração de Clair Marques).
Lenine Macedo Souza (fundador e presidente da Federação Riograndense de Futebol
de Mesa), Jorge Hallal e Clair Marques.
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