Rafael Andrade Pena.
APELIDO
Pena.
LOCAL E DATA DE NASCIMENTO
Belo Horizonte (MG), 10 de setembro de 1976.
NOME DO SEU TIME
Estrelão da Madrugada.
Aos nove anos eu e meu irmão (Henrique), que fazemos
aniversário em setembro, ganhamos de aniversário, de nossos pais, um Estrelão e
um time cada um. Nossos tios e avós também nos deram times e alguns botões de coco
e acrílico que eles jogaram na infância deles. Como desde pequeno eu sempre fui
um apaixonado pelas transmissões de rádio, quando meu irmão não estava em casa
(eu estudava de manhã e ele à tarde) eu brincava sozinho com os botões e também
narrava as partidas. Pouco tempo depois os nossos amigos da rua também ganharam
times e Estrelões e direto e reto fazíamos campeonatos entre a meninada. A
coisa era tão séria que todo mundo tinha um caderninho, escalação, e sempre nas
férias de julho rolavam campeonatos com uns 30 meninos para cima. Um desses meninos
que jogava conosco era o Bruno Scarpelli, irmão do Flávio. Quando aconteciam os
jogos na casa dos Scarpelli, o Flávio vinha jogar conosco, geralmente na mesa
de mármore na casa deles, e desafiava a meninada a ganhar dele. Era difícil
ganhar dele pois no leva leva quem errava um chute praticamente perdia o jogo.
Ao final, o Flávio sempre convidava a mim, meu irmão e o Bruno (irmão dele)
para irmos jogar um futebol de mesa mais “profissa” aonde ele jogava. Não me
lembro se já era no Grêmio ou se ainda era no Polimig. Mas, como era aos
sábados, nessa época preferimos ficar na rua jogando bola, soltando papagaio
(na sua região pode ser chamado pipa ou arraia... aqui em BH chamamos de
papagaio), andando de skate, ou mesmo ficando de vadiagem na rua.
Pois bem. Passaram-se os anos e à medida que crescíamos, ajoelhar no alpendre das casas para jogar botão estava ficando complicado de modo que raramente jogávamos na mesma proporção que na infância. No ano de 2008, em junho, no aniversário do Bruno Scarpelli, na casa dos pais dos Scarpelli, estávamos celebrando o aniversário do amigo e entre um e outro assunto surgiu o assunto do futebol de botão. Cada um contando seu título do bairro de leva leva (eu ganhei 5, Bruno tinha ganhado 3, meu irmão 3, Gustavo Totó um - que eu entreguei só para meu irmão não ganhar... coisa de moleque que na época não aceitava a zoação, ainda mais dentro de casa) quando o Flávio apareceu, meio que como o Mestre dos Magos, nos convocando a ir, pela enésima vez, a jogar futebol de mesa. Só que dessa vez ele falou que não seria mais aos sábados, mas, sim, às segundas de noite, no bairro Prado, praticamente próximo à casa da gente. A única grande diferença que ele havia nos falado é que ao invés de jogarmos com bolinhas de pastilha, do jogo WAR, jogaríamos com bolinhas redondas de feltro e em mesas que ocupariam o espaço de 4 Estrelões pelo menos. Como ainda não estávamos sob o efeito da cerveja e da cachaça, topamos o convite. Na segunda feira seguinte fomos eu, meu irmão e Bruno Scarpelli para a antiga sede do Liberdade, nos fundos da casa da mãe do Paulo Sérgio (Rua Nepomuceno, 416-A). Fomos recebidos meio secamente pelo interfone e enquanto atravessávamos o corredor que levava ao barracão ríamos dos nossos caderninhos aos maltrapilhos e dos nossos times que levávamos na mão (eu jogava com um time Brianezi, do Flamengo, que tinha trocado com um primo meu flamenguista). Quando chegamos, ao entrar no barracão foi um choque e um fascínio à primeira vista. Talvez o cheiro de Blem no ar era tanto que entorpeceu aqueles três paspalhos. Ficamos embasbacados com o tamanho das mesas e a diferença dos nossos botõezinhos comparados ao do pessoal. Como estavam em jogo as rodadas do interno só deixaram a gente palhetar por volta das 22h, quando acabaram as rodadas. Ficamos 3 horas num cantinho, calados, vendo a turma jogar. Ao final, lembro de ter sido recepcionado pelo Paulo Sérgio e pelo Pedro, filho do Paulo, que deixaram a gente palhetar um pouco e sentir como era o futebol de mesa "profissional" (Pepê foi o cara que mais treinei. Fui sparring dele por muito tempo rsrsrs).
Eu e meu irmão ficamos três meses indo direto só para ver a turma jogar e rezando para ter um WO nesse meio tempo só para sobrar uma mesa para a gente poder bater uma bolinha. Só em dezembro de 2008 consegui jogar minha primeira partida oficial. O meu time da Brianezi tinha dado lugar a um time da Alemanha, que tinha comprado do Flávio. A minha primeira partida foi contra o Lorival num torneio de tiro curto que acontecia no Liberdade aos sábados, uma vez por mês. Era o chamado "Super Sábado". Tomei só de 4 x 0 porque após garantir a goleada o Lorival começou a explicar a regra e tudo mais. Nesse mesmo dia, na partida seguinte joguei contra o Breno Ribeiro. Perdi de virada esse jogo, mas terminei o primeiro tempo ganhando de 2 x 0. No intervalo lembro do Lorival pagando um pau danado para o Breno (ainda moleque) por estar perdendo para um "novato". Tinha dado dois chutes de prego e acertado os dois. Perdi de goleada, mas os gritos de gol que dei em ambos chutes, segundo o Paulo, ecoam até hoje na sala da mãe dele que ficava uns dez metros e umas três paredes grossas de distância. De lá para cá não parei mais. Meu irmão jogou uns dois a três anos com a gente no Liberdade, mas após uma transferência para Macapá e uma briga interna envolvendo Flamengo e Vasco (meu irmão é flamenguista doente) parou de jogar. Bruno Scarpelli não suportou as idas só para assistir e não veio a jogar. Eu estou aí até hoje. Me divertindo e procurando evoluir como botonista. Obrigado Flávio Scarpelli pela insistência e Paulo e Pepê pelas primeiras aulas.
Desde que entrei procurei sempre jogar o máximo de campeonatos
que pude. Tem sido sempre um prazer jogar, aonde quer que seja. Nos primeiros
campeonatos foi só toco. Vibrava a cada gol. Lembro do meu primeiro brasileiro,
na sede do Grêmio Mineiro. Eu jogava contra o Stumpf e não me lembro se já
estava 8 ou 9 a zero. Fiz um gol de prego (no começo quase nunca se chuta bola
"filé". Só sobra chute do tipo "é o que temos para hoje".
Gritei tão alto que uns seis correram na mesa para ver quem estava
"ganhando do Stumpf" (só pelo grito que dei). Foi um misto de riso e
desilusão para muitos ali. Para mim foi só festa. E olha que fui até a fase
final da prata naquele torneio. kkkkk"
REGRA QUE PRATICA COM MAIS ASSIDUIDADE
3 Toques. Quando tem alguma coisa de 12 toques, em BH, eu vou
para brincar.
QUAIS OS CLUBES QUE JÁ DEFENDEU
Só joguei pelo Liberdade.
Além dos dois citados no dia da estreia, lembro de um torneio
relâmpago que joguei no Grêmio Mineiro e que bati o Vander na final. Para
chegar na final só peguei pedreira. Classifiquei na fase de grupos e de cara
tive o Duguet no mata mata. Gol de prego salvador e passei. Na semifinal peguei
o Heavy. Outro gol de prego no apagar das luzes. Na final, fiquei 90% do tempo
tentando entrar nas "aranhas" do Vander. A vantagem do empate era do
Vander. O jogo caminhava para um 0 x 0 quando o Heavy comenta com o Vander, a
dois minutos do final, que ele tinha 100% até então e que estaria perdendo esse
posto. Vander ouviu o comentário e numa bola armada no bico da grande área
arriscou o chute a gol. A bola bateu na trave do meu goleiro, o "Quase
Nada", e ela vai parar lá no bico da grande área oposta no campo de defesa
do Vander. Nem eu e nem ele tínhamos jogadores no campo de defesa dele.
Palhetei um jogador lá da defesa que colou na bola, apontando-a no canto
invertido. Tentei chegar com um botão próximo, para evitar a vinda da defesa,
mas faltou força. Mesmo assim tava bom para o meu lado. Contudo, o Vander
tabelou o jogador dele no goleiro e parou na frente do jogador, sem tocar na
bola, a um centímetro dela. Faltava pouco mais de um minuto, e, para quem não
tinha dado nem meio chute no jogo aquilo ali era um sonho. Pedi para gol. O
Vander colocou o goleiro debaixo da trave, cobrindo a linha, dando só o ângulo.
Como nunca gostei de chutar bola colada, eu treinava, e muito, o chute que muitos
chamam de telefone. Não quis nem saber. Bati com o zagueirão lá de trás. O
cidadão correu a mesa inteira como um corisco. A bola passou por cima do Clóvis
Bornay e estufou a rede do Vander. Lembro que só tinha eu e o Paulo Sérgio (que
também jogou o Torneio Relâmpago no dia como convidado do Liberdade)
comemorando o gol. E que golaço. O Vander com a capacidade que tem ainda chutou
mais uma bola no gol e o "Quase Nada" fez o papel dele, garantindo o
título. Muitos podem falar que é um reles torneio interno, que isso, que
aquilo, mas, para mim, ter passado por esses três grandes jogadores nas fases
finais e ganhar da forma que se deu, foi bom demais. Nem acreditei quando vi a
bola estufar a rede e garantir assim um dos títulos mais difíceis que já tinha disputado.
Taça de Prata do Metropolitano de 2015; Taça de Bronze do Rio-Minas
de 2018 e a Taça Winners de 2019 (campeonato interno do Liberdade, nos mesmos
moldes das Taças Eficiência do Grêmio Mineiro e Tupi. Ficar na frente da turma
do Liberdade nesse ano de 2019 foi difícil demais).
JÁ EXERCEU ALGUM CARGO EM SEU CLUBE, FEDERAÇÃO OU CONFEDERAÇÃO?
Atualmente sou o Presidente do Liberdade e Vice-Presidente da
FEFUMEMGE.