Por José Ricardo Almeida
No dia de ontem, 13.01.2020,
completamos cinco anos sem a presença em nossas competições do nosso amigo
Miguel Lemos.
Como forma de homenageá-lo, segue
texto que postei no blog Bola de Feltro, em 15.01.2015.
07.07.1970 - 13.01.2005 |
“Estou na regra três toques desde
o final de 1979. Quis o destino que a primeira vez que eu encontrasse com
Miguel Ângelo Coutinho de Lemos no futebol de mesa somente acontecesse em 19 de
abril de 1987, durante um campeonato brasileiro de clubes realizado no CEFAN,
no Rio de Janeiro.
Deste dia em diante, nos
encontramos várias vezes, algumas delas numa mesa de botão, outras numa mesa de
bar, sempre impressionado com o bom coração que já demonstrava teria para o
resto de sua vida. Nos primeiros contatos, fiquei impressionado com a dedicação
daquele jovem (ia completar 17 anos) ao nosso futebol de mesa.
Ao convidá-lo para vir participar do torneio de 15 anos
do Estrela Solitária (meu time), nos dias 5 e 6 de novembro de 1994, aqui
compareceu juntamente com outro grande amigo de Juiz de Fora, Márcio Henrique
Lopes. Brindou a todos os outros 17 participantes (mais um tanto de Brasília,
outros de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro) com grandes atuações, que
culminaram na conquista do título, me vencendo na final por 3 x 2. O recebi em
minha casa e uma passagem define bem a dedicação do Miguel ao futebol de mesa.
Minha filha Carolina (hoje mãe do meu primeiro neto, Marcelo), então com nove
anos, estava na sala, ao nosso lado enquanto o Miguel conversava sem parar! Na
primeira oportunidade que ela teve, perguntou: “Papai, ele só fala de jogo de
botão?”. Respondi: “Não, filha, é que ele é muito empolgado com o jogo!”.
Também quis o destino que ele
estivesse afastado das mesas de três toques por um bom tempo, assim como eu
também fiquei. Só passei a ter notícias do Miguel disputando competições de 12
toques.
Tivemos a alegria de nos
encontrar pela última vez em Teresópolis, quando da disputa do campeonato
brasileiro individual, em agosto do ano passado. Com a mesma alegria de sempre,
veio me dar os parabéns por estar voltando a disputar competições fora de Brasília,
que estava muito feliz com meu retorno e dizendo para quem podia que aprendeu
muito comigo (exagero!).
No dia 29 de outubro de 2014
nasceu meu segundo neto, com o nome escolhido por milha filha Melissa e meu
genro Cléver de MIGUEL! O destino mais uma vez conspirou a nosso favor poucos
dias depois, no dia 4 de novembro, numa visita que o Washington, do Clube dos
500 (clube onde o Miguel jogava), fez à Brasília. Ao atender o celular, disse
em voz alta: “Estou aqui em Brasília, batendo uma bolinha com o pessoal da
AABB” e foi dizendo os nomes de quem estava no local. Ao dizer meu nome, ele
passou o celular para mim e disse: o Miguel quer falar com você! Poucos minutos
com ele no celular, entre outras coisas brinquei que estava todo bobo por ter
nascido meu segundo neto poucos dias atrás, de nome Miguel, que estava
estreando naquele dia um novo jogador no meu time, com o número 29 e de nome
Miguel, mas que eu não tive nenhuma interferência no nome escolhido do neto!
Ele aí disse: “Mesmo sabendo disso, vou achar que foi em minha homenagem!”
Última homenagem e última vez que falei com ele!
Dias depois, por coincidência,
realizei o torneio de 35 anos do Estrela Solitária, vinte anos depois do Miguel
ter participado do de 15!
No dia de ontem, li uma mensagem
no meu e-mail, que torci muito para não ser verdade, torci para que fosse uma
confusão de nomes. Mas, não, era verdade! A dura realidade da escalada
desenfreada da violência em nossas cidades: nosso amigo Miguel Ângelo Coutinho
de Lemos, com 44 anos, foi assassinado no final da noite de terça-feira (13),
em Nova Iguaçu, cidade para onde se mudou para lecionar história na FAETEC.
Segundo algumas testemunhas, teria tentado fugir de um assalto.
Miguel tinha quatro grandes
paixões: o Flamengo, motocicletas, ser professor e o futebol de mesa. Sua maior
virtude sempre foi demonstrar para todos ser uma pessoa de bom coração. Por
isso era querido por todos. E assim vamos nos lembrar dele para sempre!
Que outros amigos botonistas o
recebam de braços abertos!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário